quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Movimento da Legalidade

No ano de 1961, especificamente no dia 25 de agosto, o Brasil vivia uma difícil fase na sua política. Jânio Quadros havia renunciado o cargo de presidente do país, de forma inesperada, após sete polêmicos meses de mandato. Sua saída provocou um grave impasse político no país, que só foi terminar no dia 7 de setembro. “Forças terríveis levantaram-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa da colaboração. Se permanecesse não manteria a confiança e a tranquilidade ora quebradas e indispensáveis o exercício da minha autoridade” diz trecho da carta de renúncia de Jânio Quadros, publicado por Zero Hora no dia 21 de agosto de 2011. A carta de renúncia de Jânio Quadros foi apresentada às 15 horas pelo Ministro da Justiça Oscar Pedroso Horta.
Sendo assim, João Goulart, o vice-presidente, que se encontrava na China em uma visita a Mao Tsé-Tung, deveria assumir o poder. No entanto, não foi isso que aconteceu. Ranieri Mazzilli, presidente do Congresso foi imediatamente empossado como Presidente da República.
No entanto, os militares temiam que o Brasil virasse um país popular-esquerdista, como a União Soviética, e por esse motivo, não deixaram que João Goulart assumisse o poder, fazendo com que surgisse uma das mais famosas revoltas populares do Brasil a favor da Legalidade.
Leonel Brizola, um político de 39 anos, com planos de chegar à Presidência antes dos 50, exercia o cargo de Governador do Rio Grande do Sul. Nesse mesmo dia, 25, da sacada do Palácio Piratini, Brizola anunciou para mais de cinco mil pessoas que iria começar a Campanha da Legalidade e que o estado do Rio Grande do Sul estava na luta.
Brizola comandou todo o movimento e através dos meios de comunicação existentes na época, principalmente a Rádio Guaíba, cujo estúdio foi montado no porão do Palácio, discursava para o povo, mobilizando-os e fazendo do movimento cada vez maior. Os seus discursos repercutiam para todos os estados, e convencia o povo de que deveriam lutar pelos seus direitos, e principalmente pelo Brasil.
Na noite do dia 26 de agosto o Palácio Piratini, em Porto Alegre, estava lotado de funcionários do Governo Estadual, jornalista, e todos a favor da Legalidade. Havia também muitas pessoas reunidas na frente do Palácio Piratini para protestar.
No dia 27 de agosto, às 14 horas e 23 minutos, Brizola fez o seu primeiro discurso que foi ao ar através da Rádio Guaíba para várias partes do país:


O Governo do Estado do Rio Grande do Sul cumpre o dever de assumir o papel que lhe cabe nesta hora grave da vida do País. Cumpre-nos reafirmar nossa inalterável posição ao lado da legalidade constitucional. Não pactuaremos com golpes ou violências contra a ordem constitucional e contra as liberdades públicas. Se o atual regime não satisfaz, em muitos de seus aspectos, desejamos é o seu aprimoramento e não sua supressão, o que representaria uma regressão e o obscurantismo.
A renúncia de Sua Excelência, o Presidente Jânio Quadros, veio surpreender a todos nós. A mensagem que Sua Excelência dirigiu ao povo brasileiro contém graves denúncias sobre pressões de grupos, inclusive do exterior, que indispensavelmente precisam ser esclarecidas. Uma Nação que preza a sua soberania não pode conformar-se passivamente com a renúncia do seu mais alto magistrado sem uma completa elucidação destes fatos. A comunicação do Sr. Ministro da Justiça apenas notifica o Governo do Estado da renúncia do Sr. Presidente da República.
Por motivo dos acontecimentos, como se propunha, o Governo deste Estado dirigiu-se à Sua Excelência, o Sr. Vice-Presidente da República, Dr. João Goulart, pedindo seu regresso urgente ao País, o que deverá ocorrer nas próximas horas.
O ambiente no Estado é de ordem. O Governo do Estado, atento a esta grave emergência, vem tomando todas as medidas de sua responsabilidade, mantendo-se, inclusive, em permanente contato e entendimento com as autoridades militares federais. O povo gaúcho tem imorredouras tradições de amor à pátria comum e de defesa dos direitos humanos. E seu Governo, instituído pelo voto popular - confiem os riograndenses e os nossos irmãos de todo o Brasil - não desmentirá estas tradições e saberá cumprir o seu dever.


A situação tornou-se crítica, pois nem Brizola nem os militares sediam. Sendo assim, Brizola fortificou-se no Palácio Piratini, mobilizou a Brigada Militar e distribuiu armas para a população a fim de lutar pela legalidade.
O movimento da legalidade era constituído por muitos jovens e políticos que não aceitavam a falta de respeito com a Constituição. Eram grupos organizados e que possuíam até hino, conforme trecho abaixo, exibido no programa Legalidade 50 anos da RBS Tv:


“Avantes brasileiros de fé, unidos pela liberdade
Marchemos todos juntos com a bandeira que prega a lealdade
Protesta contra o tirano
Te recusa a traição,
Que um povo só é bem grande
Se for livre como a nação.”


Conforme pesquisa realizada no Arquivo Histórico Regional de Passo Fundo, houve outra letra do Hino da Legalidade, publicada no jornal O Nacional no dia 6 de setembro de 1961. (ver anexo I).
No dia 28, os oficiais do exército caminham ao encontro do povo em frente do palácio. Mas o General Machado Lopes, não ataca como o ordenado, e adere ao movimento, comunicando a Brizola seu apoio.
Mas no dia 29 as coisas mudaram. O governo dos militares programa um ataque com aviões ao Palácio Piratini, com ordem de matar Brizola e todos que estiverem o apoiando. Mas, o ataque foi sabotado pelo próprio pessoal.
Um dos aliados de Brizola na luta a favor da legalidade foi Mauro Borges Teixeira, governador do estado de Góias, no qual teve grande importância devido as fato de Goiás se localizar perto de Brasília. Este ainda transformou o Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás, em um quartel-general dos legalistas, formando a rede da legalidade, atráves da difusão do movimento pela Rádio Brasil Central.
Com essa atitude, os militares sobrevoaram a capital Goiânia, causando pânico e a cogitação de que a população se armaria para lutar. Enquanto isso, para evitar uma situação maior, uma solução era negociada no Congresso Nacional.
O deputado federal mineiro Tancredo Neves foi outra pessoa que se destacou no combate da Legalidade, pois articulou a implantação do parlamentarismo no Brasil, impedindo assim, que João Goulart assumisse a presidência por um Golpe Militar.
No dia 2 de setembro, foi aprovada a emenda constitucional que alterou o regime do governo para parlamentarismo.
Os militares acabaram aceitando a posse de João Goulart, dada em 7 de setembro de 1961. Seu governo durou até o Golpe Militar, de 1964. Seu mandato foi marcado pelo confronto entre diferentes políticas econômicas para o Brasil, conflitos sociais e greves urbanas e rurais. Seu governo é usualmente dividido em duas fases: Fase Parlamentarista (da posse em 1961 a janeiro de 1963) e a Fase Presidencialista (de janeiro de 1963 ao Golpe em 1964).
Assim, encerrou-se a luta a favor da legalidade, sendo o mais importante episódio do Rio Grande do Sul que repertiu por toda a nação e provou que quando unido, o povo tem voz e que deve lutar por seus direitos.
Conforme pesquisas realizadas no Arquivo Histórico Regional de Passo Fundo, pode-se perceber que a Campanha da Legalidade percurtiu o estado todo, seja interior ou capital. Todas as pessoas saiam as ruas para protestar e faziam questão de lutar por seus direitos.
Nesse ano, 2011, comemora-se 50 anos da Campanha de Legalidade. Evento no qual se deve comemorar e onde os jovens devem procurar entender o que foi esse epsódio tão importante que ficará marcado na história do Rio Grande do Sul e de todo o Brasil. Em um dos seus discursos, Brizola deixa claro que a participação do jovem é importante e necessária. “Desejo, sinceramente, que a mocidade de hoje consiga influir decisivamente nos destinos do país, fazendo o que a nós, os da minha geração, não nos for dado fazer”, disse ele a UNE.



Fernanda Fincatto Alban
Janaine Marostica
Mariana Tomasetto Marcon
Alunas do 3º ano da escola Rainha D’ Paz-2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A comodidade do adolescente diante da política






A adolescência é considerada uma crise vital, entendida como transformação, sem a conotação de algo negativo, que perpassa por alguns anos, todos os seres humanos. Desencadeando neles as mais variadas reações; por ser um momento crucial na vida do homem e constituir uma etapa de desprendimento, torna-se importante o tratamento da escola e da família para com o adolescente, pois nessa idade é que ocorre a maioria dos distúrbios, que se encontram posteriormente nos adultos. Esses distúrbios e problemas surgem em grande parte frutos de abusos de pais, de professores, de colegas. Essas seqüelas ocorrem principalmente com a questão da sexualidade; porem podem definir medos questões comportamentais de relacionamento que afetam a vida da pessoa adulta.
Ao adentrarmos então na questão do adolescente inserido na política, nos deparamos com um campo muito abrangente, pois não podemos esquecer que o conceito de política não se fundamenta somente pela política partidária, mas sim qualquer sociabilização ao que o indivíduo é submetido, um encontro entre amigos uma conversa familiar, um grupo de jovens, essas manifestações também se caracterizam como relação política.
Torna-se complexo então, inserirmos um adolescente com uma identidade a ser formada num mundo político partidário. Sabemos que o adolescente já está encaixado na política social automaticamente
Para analisarmos a relação do jovem com a política partidária devemos nos remeter aos anos 60 e 70 onde o jovem respirava um clima de constante embate político; onde ele era convidado a participar. Grande parte dos adolescentes estava preocupada com questões de âmbito social e político partidárias. Era indispensável colocar-se em um dos lados esquerda ou direita, aliás, os jovens sabiam o que isso queria dizer.
Entretanto, em uma sociedade onde o individualismo, cada vez mais se impõe de forma coercitiva, a formação de grupos torna-se cada vez mais complexa, ou seja, não se tem um modelo a ser seguido, não se tem uma idéia de futuro coletivo. O individualismo é cada vez mais incentivado nas escolas e universidades. Os jovens simplesmente convivem com o capitalismo e não se perguntam se isso poderia ser mudado ou se isso poderia ser melhor. Indubitavelmente estamos enfrentando uma crise de “valores”, uma crise das estruturas sociais que foram criadas para dar sustentação à coletividade, e que na prática, passaram a extinguir a coletividade em detrimento do individualismo e de favores pessoais. Alem dessas questões levantadas acima podemos muito bem nos remeter a falta de uma “Utopia” (utopia não vista como algo impossível de ser alcançado, mas sim como um objetivo norteador para nossa vida, que vai nos levar a lutar constantemente) a ser seguida no contexto mundial em que os jovens se inserem, não temos mais porque lutarmos, pois a geração que lutou por mais igualdade, por liberdade e muitos outros valores não conseguiu alcançá-los e deixou então o jovem, em um estado ocioso em relação as possíveis mudanças a serem buscadas. Hoje para reforçar essa acomodação o jovem se depara com uma sociedade que massifica, que repreende o jovem que se manifesta contra o sistema; outro fator que nos leva a essa acomodação, é o fato de o jovem receber tudo pronto dos meios de comunicação, mas vale lembrar que esses meios de comunicação são elitizados, e essa elite não tem nenhum interesse em criar uma juventude atuante politicamente, pois os maiores ameaçados seriam eles mesmos.
Nesse sentido, há uma descrença geral com a política, principalmente no caso brasileiro. As universidades e as escolas têm papel fundamental nesse sentido: que cidadãos as escolas e as universidades estão formando? Novos valores sociais devem ser postos em prática, dentro e fora das universidades e escolas. Seria esse então o papel dos educadores?


Diego Dal Bosco Almeida
Jonas Balbinot

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sete de setembro outra vez!!!

Sete de setembro outra vez!!!

Jonas Balbinot

Era sete de setembro de 1822, as margens do Ipiranga D. Pedro I, estava entrando para a história ao gritar bravamente “independência ou morte”. É ele morreu e outras muitas gerações também “passaram desta para a melhor”, porém a data ficou como um marco em nossa história. Mas marco de que? Quem sabe de um processo histórico, longo e complexo que levou D. Pedro I a declarar nossa independência? Quem sabe de um golpe das oligarquias para livrar-se da dominação portuguesa? Ou quem sabe da conquista de nossa liberdade?
Novamente estamos comemorando a semana da pátria! Ou ao menos deveríamos estar! Afinal essa é a data magna de nossa nação. Durante os anos posteriores à independência, de uma forma ou outra, esse feito foi lembrado, exaltado ou criticado. Os pomposos desfiles militares, eram assistidos pela população eufórica, com a participação de estudantes animados e uniformizados. Assim foi durante a Era Vargas, as comemorações iam de segunda a segunda não importando as condições em que eram realizadas, e eram noticiadas intensamente, através da imprensa. E assim continuou sendo durante o período dos governos chamado de populistas, onde se buscava robustecer o Estado Nacional, economicamente, mas também enquanto nação. Não foi diferente durante o governo autoritário de 1964, que tinham nos desfiles a oportunidade de demonstrar seu poder. Nesse período comparecer ao desfile de sete de setembro era questão de honra para quem se julgasse brasileiro, ou até mesmo questão de polícia.
Na ultima década do séc. XX e inicio do séc. XXI período que sucede a redemocratização do Brasil, ouve-se dizer com muita freqüência, que a época das comemorações cívicas acabou juntamente aos governos autoritários, militares e suas tentativas de forjar um sentimento nacionalista, isso leva o povo a evitar as comemorações cívicas, bandeira, hino, e outros símbolos são esquecidos.
Mas podemos nos perguntar, porque os cidadãos brasileiros não querem sair com a bandeira no dia da independência, não participam de desfiles, não cantam o hino, se é que sabem canta-lo, os estudantes só desfilam quando ganham um ponto na média, afinal pagar mico de graça não pode. Será que perdemos o sentimento nacionalista? Não mais nos orgulhamos do nosso país? Ou esse sentimento mudou de feitio?
Quando num clássico do esporte brasileiro, pintamos a cara de verde e amarelo vestimos camisetas nos enrolamos em bandeiras, cantamos o hino com os atletas, quem não gosta de vencer a Argentina nos “últimos minutos”. Ah tudo bem o Brasil é o país do futebol ta explicado, mas e quando vibramos e nos emocionamos ao ver os vôos de Daiane dos Santos, os pontos da seleção de vôlei, as cestas da seleção de basquete, quando acordamos cedo no domingo para “torcer” para o Barrichelo, ou vamos dormir mais tarde para ver o Popó nocautear alguém, quem não se arrepiou ao ver a bandeira do Brasil sendo hasteada, e ao ouvir o hino no pódio olímpico. Ah, agora sim somos brasileiros de corpo e alma, nos orgulhamos do nosso país, afinal é muito mais fácil ser brasileiro no sofá de casa com pipoca, cerveja, com o controle da TV em mãos, do que na rua vendo desfile, debaixo de sol ou chuva, de pé, em silêncio ouvindo banda marcial.
Nos adaptamos a modernidade nos entregamos as “mordomias” que a tecnologia nos oferece, mas mesmo assim continuamos brasileiros, gostamos e respeitamos nosso país, e não deixamos de ficar eufóricos, de nos emocionar, e nos uniformizar. Contudo estamos cada vez mais decepcionados como nossas elites governantes, surge ai o esporte como evasão dos nossos sentimentos de nacionalidade.

terça-feira, 9 de março de 2010

Grandes Navegações


Com a formação dos Estados nacionais na Europa, surgiram países fortes e organizados, com Reis poderosos que tinham centralizado em suas mãos o poder político e econômico. Conjuntamente formou-se uma poderosa nobreza, além de uma burguesia rica, ambas usufruíam largamente de produtos importados de países como a Índia, produtos estes conhecidos por especiarias (canela, cravo, pimenta, noz moscada etc.) utilizadas para disfarçar o cheiro de podre da carne e para melhorar o sabor e aspecto de outros alimentos. Além das especiarias vinham tecidos e produtos de luxos, como seda, tapetes e enfeites para as casas.
Esses produtos eram transportados por terra e por mar até chegarem às casas dos Europeus. O comércio por terra era dominado pelos muçulmanos, enquanto o mar até o momento navegado, o Mediterrâneo, estava nas mãos dos Venezianos e Genoveses, que detinham o monopólio comercial, e a partir de 1473, com a tomada de Constantinopla pelo Império turco-otomano o domínio do Mediterrâneo passou as suas mãos.
Diante do alto custo das especiarias, e com o “desvio” do Mediterrâneo fechado, portugueses e posteriormente espanhois se lançaram ao Oceano Atlântico, vencendo o medo das lendas espalhadas pela Europa sobre os perigos de se navegar águas tão distantes. O intuito inicia destas navegações era chegar à Índia contornando o continente Africano e trazer a custos baixos as preciosas especiarias.
Com o poder político centralizado em suas mãos, com muito dinheiro nos cofres devido a política econômica denominada Mercantilismo, com o período de paz do século XV, e auxiliados também pela posição geográfica, os Governos de Portugal e Espanha, investiram pesado na arte da Navegação, descobertas como a Bússola, o Astrolábio (instrumentos que media a altura dos astros, que permitia saber a localização dos barcos pela distância inicial e final de determinado astro), quadrante (instrumento com a mesma função do astrolábio saber a distância do ponto de partida do barco.)



Abriremos aqui uma discussão sobre a Escola de Sagres, durante muitos anos, esta Escola foi aceita como o centro formador de navegadores, do mundo ocidental, reunindo todos os grandes conhecedores das artes da navegação. Atualmente a existência desta escola foi desmistificada, segundo o historiador português Joaquim Romero Magalhães declarou ao jornal a Folha de São Paulo: “Realmente a Escola nunca Existiu. Os compêndios de história em Portugal, já nem falam da Escola de Sagres, no Brasil é que ainda tem isso. É uma coisa do século XIX, quando se apostava na reforma da sociedade por meio do ensino escolar e não se admitia que no século XV pudesse haver conhecimento que não fosse aprendido em um banco escolar.”

O avanço das navegações ocorreu gradativamente, a tomada do porto africano de Ceuta em 1415, abriu os caminhos para o mar, chegando depois a Guiné em 1434 ao Congo em 1482, chegando em 1498 às Índias, com essa busca por chegar a Índia os Espanhois e Portugueses, chegaram as novas terras, ou seja, “descobriram as Américas”, o termo descobrir é utilizado pela visão eurocêntrica da época, porém sabemos que as terras americanas eram densamente povoados e muito desenvolvidas, civilizações como os Incas, Maias e Astecas estavam num patamar muito próximo as civilizações europeias.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

The Who



Por Ricardo Chiodelli

The Who é uma banda de rock britânica surgida em 1964 em Shepherd's Bush, Londres. Sua formação original era composta por Pete Townshend (guitarrista, alguns vocais e principal compositor), Roger Daltrey (vocais), John Entwistle (baixo e metais) e Keith Moon (bateria e percussão).
O grupo ficou famoso por uma série de coisas como quebrar os instrumentos no palco, e ficou conhecida na época como a 'banda de rock mais barulhenta'. O auge da fama veio em 1969 com o lançamento da ópera rock "Tommy".
Seu primeiro trabalho, “My Generation”, era recheado com músicas mods, e algumas se tornariam hinos do movimento como a música que intitulava o disco.
A medida que a música da banda ia evoluindo e suas composições se tornavam mais provocativas e envolventes Townshend agora passava a tratar os álbuns como projetos unificados, a primeira prova disso foi “A Quick One”, um épico do Hard Rock, continha uma coleção de músicas que reunidas contavam uma história, que dá o nome ao álbum, “A Quick One While His Away”, a história de uma mulher que trai o marido enquanto o mesmo está viajando.
No ano seguinte veio o ótimo “The Who Sell Out”, um álbum diferente que simulava a transmissão de uma rádio pirata, com direito até a jingles e propagandas. Além do novo álbum o grupo se apresentou no lendário Monterrey Pop Festival. Em 1968 Pete Townshend foi convidado para uma entrevista na qual revelou estar trabalhando em uma ópera rock de larga escala.
Em 1969, depois de um ano sem gravar um disco, Pete Townshend e o The Who lançaram um dos seus maiores se não o maior álbum, a ópera rock “Tommy”, a história de um menino que após ver seu pai assassinado fecha seus olhos para o mundo e vira cego, surdo e mudo. No mesmo ano tocaram em Woodstock e no festival de Isle of Wight.
Em 1970, durante a turnê “Tommy”, onde o setlist dos shows era praticamente todo com as músicas da ópera rock, o grupo se apresentou na Universidade de Leeds, o que acabou no maior álbum ao vivo da história segundo os críticos. Live at Leeds em sua versão original em vinil tinha apenas seis músicas do concerto, mas com o tempo novas edições foram sendo lançadas para consertar os ruídos e também acrescentar novas partes do show. Nesse mesmo ano o grupo se apresentou novamente no festival da Ilha de Wight, mas dessa vez como atração principal, e revelaram ao público seu novo projeto de álbum com duas músicas, “Water e I Don’t Even Know Myself”.
Com o tempo Pete Townshend foi revelando mais detalhes de seu novo projeto intitulado Lifehouse. Com o produtor Kit Lambert viciado em heroína e com dificuldades de gravar nos EUA, o grupo decidiu desistir do projeto e voltar para o Reino Unido para gravar novas músicas. A partir de alguns projetos de Lifehouse e outras composições surgiu o melhor álbum do The Who, “Who’s Next”.
O novo projeto de Pete era agora uma nova ópera rock chamada “Quadrophenia”, que contava a história de um jovem mod da década de 60, chamado Jimmy Cooper. O disco duplo foi um sucesso de vendas e foi classificado pela VH1 como 86o melhor álbum de todos os tempos. Na turnê do Quadrophenia aconteceu um fato inusitado, em um dos shows em Cow Palace, durante a música “Won’t Get Fooled Again”, o baterista Keith Moon desmaiou após ter tomado drogas contra sua vontade. Um baterista da platéia foi convidado para tocar enquanto Keith recebia cuidados.
Os álbuns seguintes evocavam canções mais pessoais de Townshend, estilo que ele eventualmente transferiria para seu trabalho solo. Foi daí que surgiu o ótimo álbum “The Who By Numbers”, que traz diversas músicas introspectivas e depressivas.
Em 1977, depois de um hiato de mais de um ano, o diretor Jeff Stain decidiu convocar os membros da banda para gravar um documentário chamado “The Kids Are Alright”, e no mesmo ano o grupo fez uma apresentação em Kilburn, norte de Londres.
O último álbum com o baterista Keith Moon foi em 1978 e era chamado “Who Are You”. Logo após seu lançamento Keith morreu em um quarto de hotel vítima de uma overdose causada pelo remédio que ele tomava contra o alcoolismo. Em 1979 mais uma tragédia ocorreu, desta vez nos Estados Unidos. Pouco antes de uma apresentação os membros da banda ensaiavam no palco enquanto os fãs eufóricos queriam entrar de qualquer jeito. Após ouvirem o som dos instrumentos e supondo que o show já havia começado iniciou-se um tumulto para entrar no local e 11 fãs acabaram mortos, pisoteados.
O substituto para a bateria foi Kenney Jonnes, ex-Small Faces. A banda chegou a gravar dois trabalhos com o baterista chamados “Face Dances” em 1981 e “It’s Hard” em 1982. A perda de Moon representou uma mudança no som da banda que passou a ser taxada de pop. Em 1983, Pete Townshend declarou sua saída do Who e o fim da banda.
Em 1989 e agora sem Kenney Jonnes o grupo embarcou em uma turnê para comemoração dos 25 anos do The Who e 20 anos de Tommy. Em 1990 o grupo foi homenageado no Hall da Fama do Rock como candidata ao título de "A Maior Banda de Rock do Mundo". Apenas Beatles e Rolling Stones tiveram esse tratamento no hall da fama. Já em 1996 Townshend foi convidado a tocar no Hyde Park em Londres, e pensou em tocar Quadrophenia acústico. Após contatar Roger Daltrey e John Entwistle ficou certo que o show aconteceria, e eles foram auxiliados por Zak Starkey na bateria, e John “Rabbit” Bundrick nos teclados. Também participaram dos shows uma orquestra de metais e um grupo de vocal de apoio.
Em 1999 o grupo, agora com cinco integrantes (Daltrey, Townshend, Entwistle, Zak Starkey e John Bundrick) se reuniu novamente para shows diversos shows em bares. O sucesso dessa turnê, por assim dizer, desencadeou uma nova turnê por EUA e Reino Unido e terminou com um show em prol da associação “Teenager Cancer Trust” no Royal Albert Hall em Londres. As críticas positivas levaram a banda a discutir sobre o lançamento de um novo CD.
Em 2002, John Entwistle foi achado morto em seu quarto no hotel Hard Rock Hotel em Las Vegas, nas vésperas de uma nova turnê. O laudo do legista foi que uma quantidade, embora pequena, de cocaína, havia obstruído suas veias já prejudicadas por um problema cardíaco não tratado. Em seu lugar, o grupo chamou o baixista Pino Palladino.
Em 2004 o grupo lançou duas músicas inéditas na coletânea “Then and Now”, chamadas Old Red Wine (uma homenagem a John Entwistle) e Real Good Looking Boy. Em 7 de julho de 2005 o grupo se apresenta no evento Live 8. E após vários atrasos e interrupções, em fevereiro de 2006 é lançado “Endless Wire”, primeiro álbum de inéditas desde It’s Hard.



Discografia de estúdio:

• My Generation (1965)
• A Quick One (1966)
• The Who Sell Out (1967)
• Tommy (1969)
• Who’s Next (1971)
• Quadrophenia (1973)
• The Who By Numbers (1975)
• Who Are You (1978)
• Face Dances (1981)
• It’s Hard (1982)
• Endless Wire (2006)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009


Vamos inciar postando um texto sobre História Política, produzido durante as aulas do Mestrado.




Quando o passado era dos grandes.
Jonas Balbinot
Mestre em História

O início da História, creditado aos gregos, e é intrinsecamente ligado à formação e exaltação dos grandes homens, do indivíduo, e da exaltação de determinados marcos cronológicos. Escrita de forma narrativa sempre ligada, de uma forma ou outra, ao Estado e ao poder, representando as intenções e vontades dos governantes, portanto, apenas exaltando o passado, deixando à margem fatos considerados pouco importantes ou mesmo desabonadores do poder instituído, tentando impor-se como a memória de determinado povo.
No período da Idade Média, apesar da mudança do núcleo intelectual para dentro das igrejas, a essência da produção histórica foi mantida: datas, fatos isolados e narração. Somente no Renascimento é que aparecem algumas mudanças importantes. a crítica das fontes e a eliminação de lendas e milagres ‘fantasias’, em busca de fatos com veracidade. Porém, esse processo de crítica não mudou a forma de se escrever a história e a tradicional narrativa foi mantida. Esses mesmos historiadores faziam a chamada história oficial trabalhando para exaltar os poderosos.
No final século XVIII e século XIX, o movimento da Ilustração e o Romantismo, colocaram a História Política ainda mais no centro das atenções. Este período coincide com a formação e afirmação dos Estados Nacionais, quando então as obras históricas exaltavam os Estados, buscando fortalecê-los. Nesse período surgem as primeiras críticas a esta forma factual, ao campo político e de fazer história, vindas dos filósofos que propunham uma história filosófica racional, buscando o todo histórico. Também nesse período os historiadores eruditos trouxeram novas formas de crítica das fontes, além de abrirem novos acervos documentais à pesquisa.
No final do século XIX e século XX, as críticas à História Política foram sendo acentuadas, porém essas críticas não surtiram efeito, pois a produção historiográfica até o final de década de 1920 foi quase que totalmente baseada na História Política Tradicional. Essa crítica foi culminar no surgimento da revista dos Annales, em 1929, na França.
Com a abertura de novos campos de pesquisa, concomitante com a proposta dos Annales, surgem novos indicativos de trabalho para o campo político, voltando um novo olhar sobre este objeto. Entretanto a História Política tradicional não foi descartada. Em muitos lugares o seu método continuou sendo utilizado. O novo método pelos Annales caracteriza-se por uma resistência a privilegiar fatos, datas e indivíduos, atingindo diretamente o objeto da História Política Tradicional.

O mesmo Passado. Nova roupagem.

Com a criação da Revista dos Annales no início do século XX, surgiu um das primeiras formas de contestação à produção historiográfica desenvolvida até o aquele momento. Tendo por base o conhecimento interdisciplinar, a Escola dos Annales agregou as mais variadas áreas do conhecimento, fazendo com que a produção historiográfica extrapolasse suas próprias margens, apoiando-se agora em outras áreas, como a antropologia, a sociologia, a ciência política, a lingüística, a psicanálise, entre outras. Além disso, a tendência que surgia buscava uma História Total.
Entre os principais ícones articuladores desse movimento estão Lucien Febvre, Marc Bloch e Fernand Braudel. Esses historiadores buscavam uma nova maneira de produzirem conhecimento histórico, fugindo, de um lado, das análises factuais dos chamados positivistas – nas quais as fontes com validade eram as documentações oficiais – e, de outro, das análises, dos marxistas que usavam como referência de interpretação à estrutura econômica da sociedade. Fica claro, porém, que tanto os metódicos quanto os marxistas deixaram grandes contribuições à interpretação do passado, tendo importância ainda hoje no conhecimento histórico.
Esses novos métodos, novas abordagens e novos problemas suscitaram novas maneiras de interpretar o passado e essas mudanças causaram uma certa resistência ao estudo da História Política que acabou sendo confundida com a história factual e metódica, pois durante muito tempo foi escrita buscando construir heróis ou mitos, analisando as trajetórias individuais dos políticos e os fatos protagonizados por esses grandes homens. A história tinha ano, dia e hora marcada, as datas e os acontecimentos suplantavam a conjuntura que os envolvia.
A partir de década de 1970 e 1980 à História Política ressurgiu, chamada de Nova História Política, porém não da mesma forma como era estudada e escrita anteriormente. Volta ao cenário com um novo figurino, no qual os grandes heróis deixam de ser as únicas estrelas e passam a dividir o palco e as responsabilidades com o contexto histórico em que estão inseridos.
A História Política passou a se relacionar com outras áreas e com isso tornar possível a pluridisciplinariedade. Nessa nova fase, a política trouxe para junto de si idéias da sociologia, do direito público, da psicologia social, da psicanálise, da lingüística, da matemática, da informática, da cartografia, o que contribuiu - e muito - para a renovação da História Política
A história política passa a se caracterizar, portanto, de forma mais ampla, deixando de lado a antiga visão de datas e fatos. Agregam-se a ela novas variáveis de análise como, por exemplo, as eleições que passam a somar como fontes de muita importância, pois são a base do processo político nas sociedades contemporâneas. Os partidos assumem caráter de instituição e têm em seus filiados e recenseamentos, importantes fontes documentais. A opinião pública passa a pesar nos estudos da História Política, pois cada vez mais a população se politiza, buscando participar das decisões. A mídia assume caráter crucial, pois expressa abertamente idéias de quem disputa ou exerce cargos políticos e traz, em outros momentos, críticas positivas ou negativas da própria sociedade. Outro ponto a ser discutido pela Nova História Política agora é a política externa. No mundo contemporâneo, cada vez mais os países têm sido influenciados em suas administrações e decisões por conselhos internacionais e por outros países, além da força da globalização que abre e rompe as fronteiras estatais. Por fim surgem novas metodologias no estudo das Biografias, que não estudam o personagem isolado, mas sim inserido em um contexto.
Levando em conta essas novas visões e interpretações, Rémond expõe que “o político é como esses Estados dos quais a geografia não delineou previamente os contornos e a história não parou de modificar os limites: o político não tem fronteiras naturais”. Seguindo nesse tema Rémond deixa claro que: “na verdade, o campo do político não tem fronteiras fixas, e as tentativas de fechá-lo dentro de limites traçados para o todo sempre são inúteis.”